Vagabundo Iluminado
Fanzine ou zine
Fanzine ou zine é o nome que se da produção independente, de livretos de poesia, contos, quadrinhos ou desenhos.
Muitos artistas utilizam esse recurso, por não terem uma editora ou por não quererem uma. Vários mochileiros, viajantes utilizam o zine pra ganhar grana no role e seguir na estrada. Grande parte dos poetas viajantes de hoje são influenciados pela Geração Beat, principalmente por Jack Kerouac e seu clássico On the Road (1957) considerados por muitos a bíblia Hippie.
Menina Lua
Primeiro zine da Maria Carvalho, e primeiro zine com Matheus Garcia
Noite pelos Bares
Conversa de boteco
reduto dos sábios
que consomem vida
gastam segundos
Vivem a poesia
mergulham na boemia
Sorrisos frouxos nascem
na mais pura singelidade
a poesia da verdade
Que verdade?
Melancolia, deixa pra outro dia
Hoje não quero me embriagar de agonias
Hoje é dia de viver
Todo dia é dia!!!
Menina da Estrada
Peguei carona num trem de carga
Que me levou pra viajar
Fui pra bem longe de casa
mas não me senti sozinho
Os meus sonhos gritavam em meus ouvidos
"Estamos quase lá..."
O mundo me atiçou
Eu o agarrei.
Nasceu então uma vontade
Só sei que preciso segui-la,
Ela há de me guiar!
Disparo contra o horizonte
Agora meu voou e rasante
Perco o fôlego, e mais uma vez caio na estrada
Cabelos ao vento
saudade no peito.
Muita historia pra contar
muita poeira no asfalto
E na bagagem , só amor!
É que o amor move morena!
E é só disso que eu preciso
Eu não quero parar...
Se me meto a ser Poeta
Segundo zine do Vagabundo Iluminado, e primeiro zine dele a ser comercializado nos bares e ruas de Bh, quando ele se tornou poeta INDEPENDENTE.
O que é proibido
eu libero
O que chamam de impossível
eu chamo de viável
O que dizem ser infinito
cabe na palma da minha mão
O que chamam de sonho
eu chamo de realidade
O que eu quero
eu vou buscar
Eu sou dono do meu destino
arquiteto da minha realidade
Eu sou meu DEUS
Transmutando Sonhos
A vida vai passando e leva
Leva os sonho
leva os amigos sem pressa
Estamos sempre em fim de festa
Família é o que nos resta
O sonho vai na contra mão
mas não quero abrir mão
Colocar o pé na estrada
não é fugir da batalha
Só quero um estilo de vida
menos suicida
Um barraco no mato
longe desse marasmo
Curtir as curvas da estrada
ter tudo sem ser dono de nada
Ter um amor
tranquilo como beija flor
Realizar o que vem na cabeça
antes que eu adormeça(pra sempre)
Tempestade Poetica
Com esse zine que eu (Vagabundo Iluminado) e a Maria Carvalho levantamos grana, na nossa primeira viagem juntos.
Em meio ao caos me encontrei
com vagabundos, errantes e sonhadores
entorpecido de experiências
a loucura pedia espaço
a sanidade dava licença
Em um furacão de pensamentos me perdi
Ileso e amadurecido eu sai
Me vi por dentro
na essência da alma
me conheci por inteiro
Os dias se tornaram especiais
Únicos
A vontade deixou de ser ilusão
passou a ser sincera
Os pensamentos se tornaram realidade
As ações não são mais pensadas
são naturais
Sinceridade com meu eu
é sinceridade com a vida
Marginal
A maioria das poesias desse zine foram escritas em Ouro Preto. Influenciado e inspirado no Nilton, um ANARQUISTA de VERDADE que conheci na viagem. Ele mora em uma cabana no meio do mato, de maneira bem roots.
Há coitados em todas as partes
Coitados alugando escravos
coitados sendo alugados
Coitados que não sabem fazer a própria comida
coitados fazendo a comida dos outros
Há coitados obedecendo relógios
se curvando para o patrão
assistindo televisão
Há coitados se escondendo na bebida
coitados enchendo o cu de remédio
Há coitados sofrendo amargamente a solidão
em apartamentos luxuosos
Há coitados que não tem onde morar
Há coitados acomodados
que criticam os coitados revolucionários
Há coitados se matando pra pagar a prestação
Há coitados alienados, explorados pelo futebol
Há coitados correndo atrás de diplomas
se esquecendo do conhecimento
Há coitados entupindo o coração de gordura
bebendo agrotóxico
soltando fumaça pela boca
Há coitados que ainda sim
acreditam que sabem
e dizem o que é melhor pra mim
Poesia que Devora
Primeiro zine solo da Maria Carvalho
E essa vontade egoísta de engolir o mundo?
esses desejos tortos, que disparam contra mim
essa personalidade efusiva que devora sem medo
esse sorriso amarelo que diz querer o meu amor
Lembra daquele dia frio em Milho Verde, onde junto duma fogueira
você sussurrou algumas palavras sem contexto?
Hoje eu vejo que não eram palavras vazias (Nunca são!)
elas fazem sentido, você tinha razão.
Aquele abraço que ficou guardado pra mim, em uma esquina qualquer
numa noite estrelada, perto de uma praça que eu nem lembro o nome...
Ai, quem me dera meu amor, quem me dera ser um passarim
e ir ai pra juntim de tí. Ser feliz sem fazer esforço.
É que quando a gente tá perto, tudo fica melhor. A gente não tem medo de dançar sem música.
Pensamentos e Delírio
A fumaça do cigarro espanta os maus espíritos
Futebol e novela saem das bocas de cabeças vazias
como uma oração
A cerveja gelada leva embora a negatividade
Sentado consumindo veneno e ainda tem fé
Espera por mudanças, melhoras....
Mas só espera
Espera e comenta
Comenta e critica
Critica e julga
Entre um gole e outro, todos tem a solução
que não sai da mesa quadrada
Começa ano termina ano sempre as mesmas atitudes
e tem esperança que o jogo mude ?
Incorporo a revolta a minha alma
Decido não participar
Corpo fechado protegido por orixás
Busco por algo elevado
que não se encontra em qualquer lugar
A dose de veneno esta no caminho
eu quero ser tentado
É fácil ser santo longe do pecado
Passar por isso e mostrar o meu valor
Pra mim, não pra alguém
Ser certo no meio de tantos errados
Em uma sociedade injusta manter a conduta
não fugir da luta
Lembro do que eu sou e dos meus ideais
Como a água me moldo as pedras
Sigo meu caminho
Palavras ao vento
Abandonar a certeza e arriscar na loucura
Essa pressa de viverque consome minha mente
Meu corpo já não acompanha
mas preciso ir adiante
De que vale a vida sem aventura !?
Eu quero Alto Paraíso, São Tomé
quero o Vale do Capão, Machu Picchu
quero Trindade, Caraíva, Carrancas
Eu quero todos os lugares que puder chegar
mesmo que seja necessário me arrastar
Eu quero viver de verdade, experimentar
meditar nas alturas, sentir loucura
Ser vagabundo do Dharma atrás da Iluminação
Nobres Vagabundos
O homem fugiu da natureza por medo do caos
por medo da lei da selva
Por medo de sua origem
construiu cidades cinza, de concreto e aço
Prometeu criar leis mais justas e olha no que deu
O pai de toda injustiça
O caos escoa pelos córregos
sai dos escapamentos, irriga plantações
Ha veneno em toda parte
O capital é a lei Lei do descaso, da impunidade
O tempo onde criança fuma pedra
e playboy registra do iPhone
tempo de criança ser escravizada
perder a saúde, a vida por uns trocados
Pra você ter mais tecnologia
Nessa orgia de atrocidades banalizadas
o respeito a vida já virou fumaça
Nossa consciência se perdeu na propaganda
As borboletas se adaptaram as cidades
e ficaram cinzas
de poeira ou mutação
E morreram
Renovação
Aos jovens eu digo que é chegada a hora
A hora de se tornarem velhos chatos
vendidos, cheios de vícios
A necessidade de ter ouro de tolo
vem se tornando cada vez maior
maior do que a necessidade de estar com os amigos E chegada a hora de se tornar cinza e quadrado
de vestir terno no dia a dia
de fazer a barba e pentear o cabelo
E chegada a hora de se curvar ao relógio
sem questionamento
Não importa o quanto você gosta de Tropicália e MPB
O seu destino e longe dos gramados coloridos
E chegada a hora de se transformarem nos seus pais Tão criticados por vocês a vida inteira
Quanta ironia
E chegada a hora de "crescer"
deixar de simplesmente ser
E como bom filho assumir seu posto
sentar no trono que lhe foi passado
Se tornar um babilouco
para dar continuidade
na sequência de erros hereditários
no Reino da Babilônia
Cabeça de Maria
O agora:
Era mais divertido quando eu era menos chato e você menos sóbria.
A gente ria até a barriga doer e aproveitava a vida na corda bamba, com um belo de um "foda-se" pra quem vinha de mimimi pro nosso lado.
Uma garrafa de vinho barato, um chá pra relaxar, um dedinho de prosa e o universo era testemunha do bem que a gente se fazia!
Tendo chuva ou tendo sol a gente se divertia, e como se divertia!
No mato ou na selva de pedras, era um “rizerê” sem fim!
Um rolé melhor que o outro.
Tudo tava bão, tudo tava lindo!
Na praça, na praia, debaixo de um manto estrelado, a gente se amava sem pressa.
As semanas passavam rápido, mas a vida passava “divagarim”!
Dava tempo de aproveitar cada pedacinho seu.
Eu sinto saudade desses tempos, eu sinto saudade de você!
Eu
Onde esta o sentido da vida?
Se é que ela tem sentido
Ao amanhecero
sentido da vida já foi dar mais risadas
junto dos pais e alguns brinquedos simples
No meio da manhão
o sentido da vida é lutar por uma causa
levantar bandeira, mostrar que tem opinião
Quando o sol não produz sombra
o sentido pode ser
Amar outra mulher, ou homem
sentir o coração bater mais forte
No chá das 4
o que da razão de ser
é cuidar dos filhos, ser porto seguro
garantir bons frutos
Antes do sol se por
A resposta é apenas SER
A mais nobre das capacidades humanas
alcançada por poucos
A vida possui um caminho próprio
Aprendemos a aprender
A perguntar o que não tem resposta
E então a noite chega
Dedo na Ferida
Estou armado com palavra de grosso calibre
e alto poder de conscientização.
Se quer se defender não precisa de colete
ou escudo
Basta tampar o ouvido.
Como pode uma roupa mudar tanto uma pessoa.
Ele se acha Deus
mas esta mais para diabo.
Tem que cumprir a lei
mas age fora dela.
Roupa marrom é permissão pra ser bandido.
O que eu faço de noite
também faço de dia.
Ele se esconde na madrugada
pra cometer seu ato ilícito atrás de uma farda.
Tem muita coragem com um cano na cintura
permissão para matar
e um batalhão para ajudar.
Despido disso a coragem vai embora.
Fala fino e ate rebola.
Cuidado!!!!
O tribunal de rua vai começar.
Quem e julgado não tem direito a defesa.
A prepotência de marrom já deu sua sentença.
E vai executar.
Não podemos nos defender
nem pedir ajuda.
Olha quem chega outra viatura.
Vai tomando cidadão
e tem que aceitar calado
se não vai preso por desacato
A prepotência de marrom não tem argumento.
O que sustenta suas palavras são cacetetes e armas.
Te convence de que ele esta certo
com tapas na cara.
Se dizem defensores da lei e moral.
Lei passou longe
moral não tem nenhuma.
São o braço opressor do estado.
Cães de guarda de políticos safados.
E de tão alienados
não percebem que correm atrás do próprio rabo.
São seres amaldiçoados.
Representantes da desgraça
A prepotência veste farda.
Poesia Marginal
Dizem que o homem é o animal mais inteligente de todos
Mas nunca vi gado feliz em puxar carroça
Nem jumento enviando currículo
Pensamentos Além
Cansei de correr atrás
Agora ando na frente
Esquecidas na gaveta
Quando o homem respeitar a natureza
haverá um lugar para o futuro
se transformar em presente.
Ganja
Malandro é igual peixe
Morre pela boca
Se não é no gole
É na fumaça
Resumo da Novela
La vai o rei da madrugada
vestindo suas roupas sujas de asfalto
contando as moedas para o próximo gole
noite a dentro
ao relento
La vai o rei da madrugada
sem rainha, sem súditos
sem herdeiro, sem reino
sem nada
O grande rei da madrugada
com um andar cambaleante
logo mais vai rastejar
Ficar bem perto de seus sentimentos
com cheiro de fumaça
magreza de plebeu
e calo de biqueira nos dedos
La vai o rei da madrugada
Buscar felicidade
para sua realidade
Receber a cura
Oferecida pela doença
Grande química escravizante
La vai ele sem dor
sem amor
Com um sorriso alucinado
temporário
Observado pelos que o temem
La vai ele
Se refugiar em marquises
junto de outros nobres
sem dentes
sem parentes
carentes
La vão eles
Repartir o pão(Droga)
em um castelo de papelão
Tragar o demônio
abraçar a desgraça
Bem longe do caminho que traz felicidade
as mães
Ócio Produtivo
Nunca me encaixei na babilônia
a cada dia fica mais difícil estar nela
recebo olhares de canto do olho a cada esquina
as pessoas se afastam
antes de qualquer coisa eu sou suspeito
Hippie, maluco, maconheiro
antes de trocar uma palavra já fui julgado
encaixado em um padrão
mas eu não tenho forma
tudo que disserem pra me definir é pouco
não posso ser enquadrado
por isso gosto do mato
os animais me olham sem surpresa
mesmo eu sendo de outra espécie
até se aproximam
ando sem blusa, descalço as vezes ate pelado
sem que isso seja um atentado
na babilônia o perigo vem de todos os lados
até o ar é contaminado
no mato eu fico sossegado
água corrente leva embora a negatividade
a beleza natural trás positividade
me sinto em CASA
de volta a origem
Atração da Mente
Abram se as portas da percepção
Depois de cumprirmos essa etapa
enxergaremos o que existe além
Quando entrarmos no desconhecido
descobriremos as mentiras que são
todas as verdades
Que as cores nos ensine a beleza desse mundo
mais uma vez
E a falta de chão, a redescobrir
o que ha embaixo do nosso nariz
Que os filtros da realidade se quebrem
para percebermos o quanto nossa mente
mente
Que o medo do desconhecido
não nos impeça de ir adiante
Do lado de la dessa porta
encontraremos nosso eu oculto
com perguntas obscuras
para nossas respostas
Que o outro lado não seja negado
Pé na Porta
Ha babilônia
Quero ver seu fim
Eu estou em você
mas você não esta em mim
Queima babilônia
Queima
Queima de stress
em seu transito engarrafado
Queima em medo
de ser assaltado, atacado
pelo fruto do seu pecado
Queima babilônia
Queima
Queima sem atendimento
em seus hospitais
sofrendo mais com o desamparo
do que com a própria doença
Queima apanhando do seus defensores
pagos com seu próprio suor
que escorre do seu rosto
enriquecendo o burguês
Queima na ganância
dos viciados em poder
Que governam para a elite
gerando injustiça
eminente em cada esquina
Queima babilônia
Queima, queima, queima
Queima na burrice de seus alunos
ensinados a obedecer
na cegueira de outros alunos
ensinados a não aprender
Queima babilônia
Queima asfixiada com seu ar
envenenada pelo alimento
pela água
submersa em sua própria merda
Queima vivendo com os dejetos
indesejados dos seus desejos
A babilônia não se faz sozinha
surge das nossas mãos
ganha vida com nosso sangue
e aprisiona nossos destinos
Meu Caminho
Melâncolia e nostalgia fazem morada em meu peito
meus olhos não se fecham ao anoitecer
esse coquitel de sentimentos transborda em meu peito
As lembranças do passado brotam
em minha cabeça como água nascente
Uma dor única, gostosa maltrata meu ser
Abençoado eu sou por ter um passado tão intenso
Pois a dor que me atormenta
Vem de não mais viver na minha infância
Poesia Livre
Eu vi Deus!
Era um jovem de dreads
com fone nos ouvidos
Como sei que era Deus?
Eu vi ele fazer um milagre!
Tirou da carteira 20 reais
que ia gastar no role
e comprou um cobertor
para aquecer uma desabrigada
Dualidade
Quanto tempo falta ?
Quanto tempo para nos separarmos,
cada um seguir seu caminho e desejar não cruza-los mais ?
Quanto tempo falta para desejar te esquecer,
olhar sua foto no porta retrato ao lado da cama
e sentir que ela nunca deveria ter sido tirada ?
Quanto tempo falta para nos encontrarmos por acaso
e fingir que não nos conhecemos,
apesar do coração sentir um aperto imenso nesse reencontro ?
Quanto tempo falta para melhores amigos, confidentes, cúmplices,
se transformarem em desconhecidos íntimos,
que não trocam nem olhares apesar de ter o outro bem marcado no passado ?
Quanto tempo falta para achar que tudo foi um erro,
apesar de ter vivido grandes momentos de felicidades
que te acompanharão pro resto da vida?
Quanto tempo falta para parar de valorizar, desgostar,
da quilo que você tem de mais valioso,
que faz valer a pena acordar a cada a cada amanhecer ?
Quanto tempo falta para abandonar a felicidade
e abraçar a tristeza destilando magoas ?
Quanto tempo falta para acabar o amor,
deixar de sentir alegria ao olhar o album de fotografia,
que transborda sorrisos, zelos, carinho ?
Tempo Tempo Tempo
mata e cura mesmo sem fazer nada,
corre parado.
O mais importante
Quanto tempo leva para você perceber
que isso não precisa acontecer ?
É besteira valorizar o sofrer !
Deixa o rio correr !
Outro amor a vida vai lhe trazer !
Sorrisos voltarão a aparecer !
Aprenda a simplesmente ser.
Fique em paz com o outro e você.
Ao passar dos dias sentirá o amor renascer !
Raiz
Se pudessemos vender nosso tempo
ia ter gente morrendo
por vender a vida inteira
Caderno de viagem
Mochila nascostas
Você é Deus
Você é senhor do seu corpo
Ninguém te limita
Só você
Caderno de viagem
Na BR
Os sonhos não envelhecem
mas o corpo sim
Realize enquanto há tempo
Caderno de viagem
A viagem não tem fim
Segurança social é uma ilusão
criada para nos manter no sistema
eu quero todos os riscos que a vida
tem para oferecer
Poeta por necessidade
A poesia marginal está para a literatura
assim como o movimento punk está para a música.